Discipulado em um mundo em mudança


Não restam dúvidas de que as transformações pelas quais o mundo tem experimentado nessas últimas décadas, influenciam também o trabalho da Igreja, notadamente o discipulado. A ordem de Jesus para irmos, e fazermos discípulos dentre todas as etnias (Mt 28.19,20), ainda permanece. Logo, o discipulado a ser exercido deve considerar essas mudanças porque uma nova cultura emergiu dessas transformações, está aí e não pode ser negada em hipótese alguma.

O mundo mudou muito, principalmente nesses anos iniciais do século 21. Por isso, a igreja por meio de sua liderança juntamente com todos os discípulos de Jesus, precisa reavaliar constantemente o peso dessas transformações sobre o discipulado porque certamente este precisará passar por adequações necessárias.

Não se pode negar a repercussão dessa transformação na paisagem cultural ao nosso redor. Por isso, entender o que se passa deve ser a primeira reação de todos os que, sinceramente, pretendem cumprir o ide de nosso Senhor e assim, realizar um discipulado efetivo e de resultados permanentes.

Existem hoje ao nosso redor, por causa dessas mudanças, pessoas com dificuldades para confiar nas outras, intolerância em grau extremo ou, um tipo de tolerância que nada mais é que indulgência com o pecado. Igualmente, existe um questionamento sobre se realmente existe a chamada verdade absoluta, ou se o Evangelho é realmente "a verdade". Há toda uma sorte de problemas em famílias, com rejeições, traumas, problemas com uso de drogas. A Igreja tem de ministrar para esta geração, ela tem de aceitar as pessoas da maneira em que se encontram e efetivar um discipulado que lhes facilite a transformação pelo Espírito Santo à medida em que vão crescendo em seu relacionamento com Deus.

A década de 60 foi crucial para o início dessa mudança no mundo. A liberalização nos costumes e a rebeldia contra toda autoridade, inclusive e acima de tudo, a autoridade de Deus e de Sua Palavra, criaram o ambiente para tudo o que vemos hoje. Mas o Senhor nunca deixou de ficar sem testemunho (At 14.17) e hoje mais do que nunca temos a oportunidade de ministrar à nossa geração todo o conselho de Deus por meio do Evangelho (At 20.27).

Por isso, devemos nos esforçar por um discipulado autêntico. Não é o caso de falarmos às pessoas o que elas desejam ouvir. Podemos sim ter um ambiente agradável em nossas comunidades, uma boa música cristã, uso de multimeios, tudo isso para criar uma ambiência atrativa para aqueles que não conhecem a Jesus. Mas nunca, jamais, os conteúdos do Evangelho devem ser mudados para agradar ao homem pós-moderno. Como estamos em uma sociedade-supermercado, onde existem muitas opções, assim acontece no meio religioso, principalmente o meio religioso evangélico, com sua multiplicidade de igrejas e ministérios. Mas todos devem permanecer na pureza e simplicidade da pregação genuinamente cristã. Mudar isso significará aderir à filosofia cultural em derredor e o Evangelho será uma mensagem diluída, sem nenhum poder de transformação.

Vamos então discipular e se deixar ser discipulados na integralidade do que a Bíblia preconiza. As palavras de Deus nos bastam. Suas promessas nos confortam. Sua exortação nos corrige a rota. Andar com Jesus, aprender com Ele na comunhão dos santos, é uma experiência rica e transformadora. Essa transformação muda nossa vida para melhor e nos tira do fosso que a experiência pós-moderna pode nos arrastar.

Viver como discípulos autênticos num ambiente favorável para que isso seja facilitado, é nossa maior necessidade nesse mundo em transformação. As pessoas pós-modernas ligam nossa mensagem ao mensageiro, ou seja, deve haver um mínimo de coerência entre o que pregamos e o que vivenciamos. Também quero destacar que devemos ter uma postura de humildade porque a arrogância decididamente, não combina com os pretensos seguidores de Jesus. Ele ainda nos convida para sermos mansos e humildes de coração assim como Ele mesmo é (Mt 11.29).

Se assim agirmos, se nossa pregação e consequente discipulado tiver as marcas reais de Jesus Cristo, o Evangelho continuará a ser, como de fato o é, a mensagem que salva, liberta, esclarece, limpa, satisfaz e eleva o ser humano à sua dignidade original. O Inimigo tenciona destruir isso e enganosamente apregoa através do discurso pós-moderno de que o homem só se realizará se fizer tudo o que desejar sem nenhuma espécie de restrição. Isso já tem se provado no decorrer dessas últimas quatro décadas de que é um engano altamente destrutivo e que tem trazido o caos para nossa civilização como um todo.

Sejamos discípulos autênticos. E ministremos autenticamente para gerar novos discípulos igualmente. Para glória de Jesus Cristo. Amém!

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