O discípulo e a aplicação diária da cruz - SACRIFÍCIO


Em nossa reflexão anterior, vimos que a vida com Cristo, o caminho do discipulado com Ele, envolve disciplina e controle de nosso corpo mediante o Espírito e também não permitindo que o corpo assuma a direção de nossa vida. Mas agora, deveremos entender igualmente que a aplicação diária da cruz requer sacrifício - ou seja, este corpo disciplinado deve ser usado sacrificialmente visando o bem de outros.

Caminhar com o Cordeiro de Deus envolve realmente sacrifício. Viveremos sacrificialmente em dois níveis: 1) Entregando o que temos sacrificialmente e 2) Vivendo sacrificialmente. Podemos e devemos sacrificar aquilo que temos e aquilo que somos. Isto porque, a verdadeira vida cristã, o verdadeiro discipulado cristão é vida de sacrifício. Chamados somos para sacrificar o que possuímos e também o que somos. Muito mais do que dinheiro, isto custa tempo, esforço, conforto e segurança. Há uma necessidade imperiosa de que todo genuíno discípulo de Cristo aprenda a doar-se completamente, sem reservas, em prol de outrem. Não devemos mais poupar-nos mas sim, quebrantar-nos para que Jesus Cristo que habita em nós seja então revelado plenamente.

O profeta Isaías fala assim: "E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia" (Is 58.10). O mundo clama por socorro. Estamos diante das inúmeras calamidades que açoitam os seres humanos. Muitos olham de um lado e de outro e não encontram uma palavra de consolo, um ombro solidário, uma mão amiga, um suprimento de necessidade material. Onde estarão os cristãos, onde estarão os genuínos seguidores de Cristo, que abrirão mão de suas comodidades, de seus privilégios e darão de si mesmos em resposta ao clamor dos aflitos? Se dizemos que pregamos o Evangelho da cruz, onde estão aqueles que vivem sob a marca da cruz que é o sacrifício pessoal, sacrifício de amor, em favor de outros?

Aqui está, amado discípulo de Jesus, um dos aspectos de nossa vida com Ele que mais nos identifica como Seus seguidores: o amor sacrificial. Como Ele próprio, que não poupou-se para consumar a salvação por nós na cruz do Calvário, temos agora este princípio operante em nossa vida com Ele, de procurarmos nos abrir para outros, de nos entregarmos por outros.

A.W. Tozer escreveu certa vez uma reflexão sob o título: "A cruz é uma coisa radical." Realmente. A cruz de Cristo nos constrange a viver de uma maneira radicalmente sacrificial. É inconcebível que diante dessa cruz, estejamos indiferentes. Que não enxerguemos com o olhar de amor, o sofrimento do próximo. Que nos mantenhamos encastelados em nossa religiosidade vã e mesquinha e não saiamos ao encontro do faminto, do sujo, do despojado, do maltratado, do rejeitado.

Esta é por sinal a única vida verdadeira que agrada a Deus. Vida de sacrifício. Vida de amor. Vida de generosidade plena. Jesus disse assim: "Na verdade, na verdade, vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna" (Jo 12.24,25). Sendo assim, todo discípulo de Cristo, eu e você, deveremos seriamente considerar as implicações dessas palavras do nosso Mestre. Se amarmos nossa vida, de fato a perderemos. Todavia, se a "odiarmos" ou seja, se vivermos em amor sacrificial, considerando seriamente a vida de nosso próximo, não fechando nosso coração, mas amando-o verdadeiramente, seremos então, como disse o Senhor Jesus, como o grão de trigo que ao cair na terra, morre. Quando assim acontece, produzirá muito fruto. Assim é conosco.

Que nestes dias você possa refletir sobre isso e aplicá-lo à sua vida. Na próxima semana falaremos sobre o terceiro aspecto da aplicação diária da cruz - o quebrantamento.

Que o Senhor Deus te enriqueça sobremaneira com toda sorte de benção espiritual em Jesus Cristo. Amém.

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