Fracassos previsíveis na vida de um discípulo (7)


Finalizando esta série, refletiremos sobre a falta de discernimento espiritual. Mas o que significa o vocábulo discernir? Segundo o Dicionário Aurélio, esta palavra é sinônimo de discriminar, separar, distinguir, apreciar, medir, ver claro, ver bem. E o que seria então o discernimento espiritual? Segundo, Barro e Zabatiero, "discernimento espiritual é uma ação crítica do cristão, iluminado pelo Espírito Santo, que busca autenticidade (verdade) para vivenciar a vontade de Deus" (in, Discernimento Espiritual, Abba Press, 1995, p. 10).

Isto posto, fica então a questão se um discípulo de Cristo poderá porventura servír a Deus de forma segura se não exercitar esta fundamental qualidade. Continuaremos a reflexão, baseados nos autores Barro e Zabatiero, posto que possuem insights muito importantes sobre o tema em sua já referida obra.

O que não seria o discernimento espiritual? Ele não é adivinhação; muito menos intuição; e também não é oportunismo. Não poderemos confundir com nenhum destes aspectos, porque, conforme a definição acima, todo o real e genuíno discernimento espiritual é uma ação, uma ação crítica exercida pelo crente iluminado pelo Espírito de Deus.

Não estamos falando aqui do dom espiritual de discernir espíritos que encontramos em 1 Coríntios 12.10. Neste caso, conforme definição da Bíblia de Estudo Pentecostal, o dom de discernimento de espíritos, é uma dotação especial dada pelo Espírito Santo, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não.

No nosso caso em apreço, está sendo abordada a faculdade consciente do discípulo de Cristo, sua ação para ver com clareza, cada situação com que se defronta. Não é um sentimento, nem é um tipo de pensamento apenas, é uma ação do crente como um todo. Envolve pensamento, vontade e emoções. Mas não é também uma ação da pessoa apenas, mas é ação balizada pelo Espírito de Deus. O objetivo principal deste discernimento espiritual é a busca da autenticidade (ou verdade). Exercermos portanto o discernimento para que sejamos discípulos fiéis e verdadeiros do Senhor. É necessário sermos autênticos diante de nós mesmos, das outras pessoas e de Deus. E também para não sermos enganados e também para não nos tornarmos enganadores.

Tendo como finalidade o exercício da vontade plena de Deus, o discernimento espiritual com sua ação crítica/discernidora vai nos conduzindo em uma prática constante da vontade de Deus neste mundo. Como bem colocam Barro e Zabatiero: "Quem discerne não precisa adivinhar, intuir ou tirar proveito. Quem discerne é instrumento do Espírito Santo para si mesmo, para igreja e para o mundo" (op. cit. p. 11).

O discípulo de Cristo precisa estar atento para exercitar plenamente o discernimento espiritual. Não menosprezando de forma alguma a prudência em pesar bem todas as situações que o envolvem em sua vida presente no mundo, porque o discipulado cristão é sempre árduo. Não se trata de algo para pessoas indispostas, mas que sejam constantes sempre, porque como disse o Senhor Jesus, "Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus" (Lc 9.62).

Amado irmão, exerça seu discernimento espiritual doravante, porque como você está trilhando um caminho que é estreito e árduo, armadilhas poderão surgir em sua jornada, laços, sugestões, propostas de nosso Inimigo, o qual não podemos subestimar. Por isso, necessário se faz o discernimento.

A Palavra de Deus diz assim: "Mas o que é espiritual, discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido" (1 Co 2.15). Para o homem do mundo, as coisas de Deus parecem loucura, "e não podem entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (v.14). Seja portanto, este seguidor de Cristo que discerne tudo e discerne as coisas de Deus espiritualmente conforme devem ser. Afinal, você está no mundo, mas não é mais do mundo (Jo 17.14-16).

Deus abençoe você nesta semana com toda sorte de bençãos. Confie n'Ele plenamente, amém.

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