O Discípulo e Seu Envolvimento Político


Ao discípulo de Cristo é lícito que tenha uma postura política, que tenha uma definição ideológica ou que seja militante ou candidato por algum partido? 

Não há ilicitude alguma, visto que o discípulo de Jesus Cristo é um cidadão com direitos e deveres conforme a Constituição Federal. Quanto à Palavra de Deus, ela não se opõe visto que a legítima atividade política é algo fundamental para a sociedade humana. Eu posso, se assim desejar, me filiar a um partido político e nele militar, posso me definir por uma ideologia política, posso postular e me candidatar a algum cargo público no período eleitoral. Essas atividades não se constituem pecado, como alguns desavisados cristãos possam imaginar.  

Entretanto, convém que o discípulo atente para os seguintes conselhos das Sagradas Escrituras, baseadas nas epístolas pastorais de 1 e 2 Timóteo e Tito, caso deseje envolver-se em atividades político-partidárias: 

1- O discípulo deverá conservar sua fé tendo boa consciência (1Tm 1.19).
2- O discípulo deverá orar e interceder por todos que exercem autoridade (2.1,2).
3- O discípulo não deverá perder tempo com mitos e crendices sem fundamento (4.7).
4- O discípulo deve ser exemplo em suas palavras, em sua conduta, em seu amor, em sua fé e em sua pureza (4.12).
5- O discípulo deverá ser um dedicado leitor das Escrituras (4.13).
6- O discípulo deve dedicar total atenção a esses cuidados, entregando-se a eles para que todos vejam seu progresso (4.15).
7- O discípulo deve estar sempre atento ao seu modo de viver e permanecer fiel ao que é certo (4.16).
8- O discípulo deverá fugir do amor ao dinheiro e da ostentação das riquezas (6.6-11).
9-  O discípulo não deverá envergonhar-se de dar testemunho de Cristo (2Tm 1.8).
10- O discípulo deverá guardar a verdade do Evangelho que lhe foi confiada (1.14).
11- O discípulo deve estar disposto a suportar os sofrimentos como bom soldado de Cristo (2.3).
12- O discípulo deve evitar conversar tolas e profanas (2.16).
13- O discípulo deve evitar as paixões juvenis e buscar justiça, fidelidade, amor e paz (2.22).
14- O discípulo deverá evitar discussões tolas e ignorantes e não viver brigando, mas ser amável e paciente (2.23,24).
15- O discípulo deverá se afastar de pessoas com aparência piedosa mas que negam ao Senhor agindo como ímpios (3.1-5).
16- O discípulo deverá permanecer fiel àquilo que lhe foi ensinado no tocante à Cristo (3.14).
17- O discípulo deverá manter a sobriedade em todas as situações (4.5).
18- O discípulo deverá ser sujeito às autoridades e sempre estar pronto a fazer o que é bom (Tt 3.1).
19- O discípulo não deverá caluniar a ninguém e evitar brigas, devem ser amáveis e ser verdadeiramente humilde (3.2).
20- O discípulo não deverá se envolver em discussões e disputas controvertidas bem como evitar o homem contencioso (3.9,10). 

Porque utilizamos as epístolas pastorais? Porque elas falam do proceder que um pastor deverá ter à frente de seu rebanho, sua postura, sua fala, sua conduta que devem em tudo ser reflexo do caráter de Cristo. Da mesma forma, se algum discípulo de Jesus sinta um chamado que o leve a desejar envolver-se em atividades de cunho político visando o bem estar da sociedade, deverá atentar para esses conselhos, assim como se fosse um pastor exercendo seu ministério em prol do rebanho de Cristo. O cristão deverá em verdade ler as epístolas pastorais na íntegra bem como todas as demais Escrituras para que nelas refletindo, possa formar sua cosmovisão cristã com a preciosa ajuda do Espírito Santo e poder assim exercer sua vocação política de tal forma que o Nome do Senhor seja honrado e glorificado. Além do que, deverá, evidentemente, ser um estudioso, conhecedor da Ciência Política e também História, Filosofia, Geopolítica, Antropologia, Sociologia, Administração Pública, Economia e, como servo de Cristo, principalmente, Teologia.

Notem que os conselhos selecionados cobrem uma gama de situações que os que se envolvem em atividades políticas poderão estar expostos em menor ou maior grau. Desde a conservação de sua fé e de uma boa consciência no tópico 1 até o não envolvimento em discussões e controvérsias e evitando o homem de contendas como descreve o tópico 20, o discípulo de Jesus deverá ter as sãs palavras da Bíblia como modelo para sua vida visto que, acima de tudo, ele é alguém que é embaixador da parte de Cristo aqui na Terra (2Co 5.20) e por isso, não poderá permitir que qualquer coisa que ele faça nessa vida comprometa seu bom proceder em Cristo, ao contrário, o discípulo de Jesus Cristo deverá ser alguém influencie seu ambiente, trazendo todas as coisas, pessoas e situações ao senhorio real de Cristo.

Esse é o desafio maior para quem deseja envolver-se na política, se esse alguém é discípulo de Jesus, andar como Ele andou, falar como Ele falou, proceder retamente como Ele procedeu. Ser luz que brilhe intensamente em meio às trevas da corrupção e negócios escusos que pululam no meio político. Notem que não estamos afirmando que o crente em Jesus deverá ser "politicamente correto", ao contrário, ele será um dos mais incorretos visto que sua vida de obediência ao Evangelho invariavelmente conspirará contra as práticas corruptivas e corruptoras do meio político nacional. 

Nesse instante cabem aqui essas palavras proféticas do apóstolo Paulo: "Porque para Deus somos o bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes, certamente, cheiro do morte para morte; mas, para aqueles, cheiro de vida para vida. E, para estas coisas, quem é idôneo?" - 2Coríntios 2.15,16.

E se lhe restar, meu caro irmão, alguma dúvida sobre o envolvimento dos cristãos em atividades políticas, recomendo que leia acerca de dois servos de Deus que foram marcantes em suas respectivas épocas por meio da excelência em servir a Deus e aos homens conforme os parâmetros bíblicos: William Wilberforce, membro do Parlamento britânico no final do século 18, início do século 19 que com sua atividade política contribuiu para a eliminação do tráfico de escravos e Abraham Kuyper, pastor, erudito teólogo, fundador da Universidade Livre de Amsterdam, foi parlamentar e também Primeiro-Ministro da Holanda de 1901 até 1905.    

Que o Senhor te abençoe muitíssimo!

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