Discípulos de Cristo em meio a uma sociedade hedonista
Não é desconhecido de nenhum cristão o fato de que a presente sociedade em que vive é voltada para satisfação de seus prazeres imediatos. E também que mesmo no âmbito da igreja cristã existem muitos que advogam uma vida cristã aprazível, onde não haja dores, sofrimentos e males de qualquer espécie. O prazer seria o princípio maior a governar suas vidas. A finalidade da existência em todos os seus variados aspectos seria o seu desfrute máximo sem dores ou sofrimentos. A isto dá-se o nome de hedonismo. É a inclinação de buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável. Prazer pelo prazer.
O hedonismo conspira contra o discipulado autêntico em Cristo que deveremos vivenciar. Isto porque ser um seguidor fiel de Jesus terá implicações que nos levarão para longe do que o hedonismo preconiza. Sofrimentos, perseguições, zombarias, xingamentos e rejeições esperam a todos que piamente desejam seguir a Cristo Jesus (2Tm 3.12). No primeiro versículo o apóstolo Paulo nos informa: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos" ("tempos difíceis" ARA). Se a realidade que nos circunda então, nestes últimos tempos é mesmo dessa forma, como esperar uma vida cristã como se estivéssemos "deitados em um berço esplêndido?"
É potencialmente destrutiva à fé cristã a ideia do prazer à todo custo. Ou do prazer como o bem supremo da vida. Em si, a ideia do prazer não é algo pecaminoso. Todos nós desejamos experimentá-lo. A gratificação prazerosa de nossos sentidos não se constitui em algo mau. Porém, o hedonismo enquanto filosofia de vida do ser humano, viver somente para o prazer, para gratificar os sentidos, buscar o prazer custe o que custar, isso sim é degradante, é mau e é pecaminoso.
É incompatível essa filosofia de vida com o verdadeiro discipulado cristão. O discípulo de Jesus encontrará o prazer em exatamente seguir as pisadas de seu Mestre. Em ser-Lhe fiel. Em se abster dos maus desejos da natureza humana, em deixar a vontade de ter o que agrada aos seus olhos e subjugar o orgulho pelas coisas da vida (1Jo 2.16 NTLH).
O mundo realmente considera o prazer como o valor maior da vida. A cultura de nossa sociedade é voltada para a busca do prazer em todos os níveis. Isto acaba influenciando o discípulo de Cristo e a Igreja como um todo. Mas o Espírito de Deus continua a nos chamar, continua a instar conosco para que sigamos as pisadas de nosso Senhor Jesus Cristo e sejamos contraculturais em nossa maneira de viver (1Pe 1.15,16).
"Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus" (Rm 7.22) disse o apóstolo Paulo. O salmista Davi também disse: "Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração" (Sl 40.8). De fato, o verdadeiro prazer que um discípulo de Jesus Cristo encontrará e que é incomparável aos prazeres mundanos e carnais, é o prazer em obedecer a Palavra de Deus. E Jesus é o nosso maior exemplo. Como seus discípulos, aprendemos que Ele mesmo se deleitava em fazer a vontade do Pai. Este salmo de Davi é um salmo messiânico e demonstra o quanto Jesus amava e se deleitava em ser-Lhe obediente.
Por isso que o discipulado requer uma transformação diária em nossa forma de pensar (Rm 12.2). Se isso não estiver presente enquanto caminhamos com nosso Mestre, continuaremos a devotar maior valor à satisfação dos apetites de nossa carne. Continuaremos a gratificar o nosso ego. E nisso, já estará descaracterizado nossa vida enquanto discípulos porque uma marca essencial do seguidor de Jesus é a renúncia pessoal (Mt 16.24; Mc 8.34; Lc 14.26,27).
Não estamos com isso querendo dizer que a vida cristã é uma vida cheia de restrições, proibições, sem alegrias ou que não podemos ter momentos de lazer e recreação (e isso é prazeroso sim). Isto seria ascetismo e legalismo e são igualmente pecaminosos. O que deixamos claro nessa reflexão de hoje é o devido cuidado para não nos deixarmos contaminar por uma filosofia que contempla a busca imediatista do prazer e a supressão de toda dor ou sofrimento como a finalidade do homem nessa vida.
Deus mesmo e seus mandamentos proporcionam aquilo que nada dessa vida pode substituir. Prazer em ser-Lhe fiel nessa vida e a bem-aventurança da eternidade, vivendo para sempre e sempre em Sua gloriosa Presença.
Que você, discípulo de Cristo, tanto quanto eu mesmo, possamos nos apropriar desse gozo inefável, desse prazer inigualável em seguir ao Senhor, mesmo em meio a lutas, sofrimentos e provações. Estamos em um mundo afetado pela Queda e é ilusão pensar que nosso caminho de discipulado estará isento destas coisas. Mas confiemos porque o Senhor por meio de Seu Santo Espírito está conosco todos os dias. Que Deus grandemente te abençoe.
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