Cuidando dos neo-discípulos antes do batismo
Existem hoje igrejas e ministérios que se notabilizam por descer às águas neo-discípulos de Jesus Cristo, sem antes submetê-los a uma profissão de fé para constatação de suas convicções.
Por causa disto, tem acontecido problemas com alguns destes que ainda não estavam bem certos de que era realmente isso que desejavam. Foram apenas convencidos e não verdadeiramente convertidos.
Quando lemos o livro de Atos, constatamos que tão logo alguém se convertia a Cristo era logo batizado. Isto se dava pelo fato de que a maioria dos conversos eram oriundos do Judaísmo e possuía um certo fundamento para compreender as demandas do Evangelho. A história da Igreja Cristã demonstra que, à medida que mais e mais gentios eram alcançados pela fé cristã, vai se tornando necessário um período de preparo e prova antes da ministração do batismo. Este período é denominado de “catecumenato”. Na língua grega, katechowmenos é um adjetivo com a função verbal de katechein (literalmente, instruir de viva voz e, no uso cristão, ensinar oralmente a fé). O termo passou para o latim como cathechumenus. Em sentido literal, “catecúmeno” é, portanto, aquele que ouve o ensinamento da fé. Em sentido técnico, o termo designa aquele que é candidato ao batismo e, por conseguinte, catecumenato é o período de instrução e de preparação para o seu recebimento.
No princípio do terceiro século, este período durava uns três anos. O catecúmeno recebia instrução acerca da doutrina cristã, e tratava de demonstrar firmeza de fé em sua vida diária. Por fim, pouco tempo antes de seu batismo, era examinado – às vezes em companhia de seus instrutores, ou padrinhos – e era admitido na categoria dos que estavam prontos para serem batizados.
Acredito firmemente que há um desleixo quase que generalizado com este aspecto tão importante da vida da Igreja que é a admissão de novos membros pela via do batismo. Havia nos dois primeiros séculos da vida da Igreja este zelo como vimos. Acredito que se fosse realmente cumprido este período probatório, (a duração deste período seria algo a ser considerado), faria com que fossem gerados discípulos de Jesus Cristo muito mais comprometidos, convictos de sua fé e que dessem muitos frutos para o Reino de Deus. No entanto, aqui e ali, prevalece a prática de se batizar logo os novos convertidos para que sejam de imediato acrescidos ao rol de membros da igreja. Isto é um erro porque está sendo priorizada a quantidade, o enchimento, o inchaço da igreja em detrimento da qualidade da fé daqueles que a abraçaram.
O acompanhamento da vida do novo convertido é fator importantíssimo. Igrejas há que apenas orientam ao novo crente para que começe a vir aos cultos de domingo, aos cultos de jovens, reuniões de oração, Escola Dominical, etc. Sua instrução, seu crescimento, seu acompanhamento até que chegue o dia do batismo, inexiste quase que completamente. É certo, que pela misericórdia de Deus, muitos hoje (inclusive eu), estão firmes e dando frutos para a glória do Senhor, mas há um contingente grande nas várias igrejas e denominações que são cristãos mal orientados, mal formados, sem convicção, com vícios e muitos até não possuem certeza de sua salvação.
Se você que lê estas linhas é pastor, peço humildemente que considere o que está aqui escrito. Amamos a Igreja do Senhor e amamos aos irmãos e nosso desejo, como é também o desejo de Cristo, é de que haja um adequado procedimento quanto aos novos convertidos antes de que desçam às águas batismais. Para o bem deles e para o bem da Igreja.
Nunca esqueçamos que o batismo simboliza os atos redentores de Jesus Cristo: Imersão=morte; Submersão=sepultamento; Emersão=ressurreição. Até chegar a este dia tão rico e pleno de significado espiritual, o neo-discípulo precisa ser bem encaminhado para que de fato, ao descer às águas, tenha um testemunho autêntico e irrepreensível e uma convicção bem arraigada. Este testemunho e esta convicção só poderão ser bem aquilatados exatamente durante o período probatório.
Que Deus abençoe você ricamente em sua trajetória cristã.
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